segunda-feira, 7 de março de 2016

Sopapo poético

 
Roda de poesia do sarau Sopapo Poético (Crédito: Ana Paula Ribeiro/Arquivo Pessoal)
 
 

Sopapo Poético

O ponto negro da poesia completa quatro anos de protagonismo em Porto Alegre


Um dos eventos mais comemorados pela comunidade negra de Porto Alegre completa, neste mês de março, quatro anos de intensa atividade, marcada pelo protagonismo negro e pela multiplicidade de linguagens e propostas artísticas. É o projeto Sopapo Poético ponto negro da poesia, um sarau dedicado à poesia e à música negra, que vem ganhando força e começa a expandir seus seguidores. A iniciativa da Associação Negra de Cultura (ANdC), que promove os encontros sempre à noite, na última terça-feira de cada mês, recebe em março e abril uma programação especial, graças à Bolsa de Fomento à Literatura, do Ministério da Cultura (MinC).
O projeto Sopapo Poético Ponto Negro da Poesia tem a finalidade de promover ações de promoção e difusão da literatura afro-brasileira, por isso prevê a realização de saraus temáticos, lançamento de uma antologia poética e de um vídeo-documentário, tudo com entrada franca. Também estão programados debates, shows musicais, leituras, performances, feiras de empreendedorismo negro, em espaços descentralizados da cidade e para um público diversificado e de todas as idades.
A programação especial inicia na próxima sexta-feira, dia 11 de março, com a leitura dramática do texto Tenho Medo de Monólogo, de Luiz Silva (Cuti), pela atriz Vera Lopes. Após o espetáculo, haverá debate com a atriz e o autor.  No texto, uma mulher negra narra sua trajetória de luta para criar dois filhos adotivos e, diante do desaparecimento de um deles, toma atitude desesperada que, embora redunde em seu confinamento, leva-a a um encontro amoroso inusitado e à possibilidade de retomar um antigo amor.
Vera Lopes é atriz gaúcha, com atuação em teatro, cinema, recitais poético-musicais, comerciais etc., com experiência de mais 30 anos. Vive em Salvador/BA e tem como foco atuar com expressões artísticas baseadas na cultura negra. Cuti é Mestre em Teoria da Literatura e Doutor em Literatura Brasileira pelo Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp (1999-2005). É um dos principais nomes da literatura negra brasileira, autor de inúmeras obras de poesia, contos, romances, peças de teatro além de artigos em revistas especializadas e capítulos de livros.
 
A PROGRAMAÇÃO
Dando prosseguimento à programação, no dia 19 de março, às 19h, no Instituto Cultural Afrosul Odomodê, ocorre o Sarau Poesia Negra Gaúcha, tendo como convidado a banda Afroentes (RS).
Fechando o mês de março, no dia 29, terça-feira, 19h30min, no SIMPA (Rua João Alfredo, 61, bairro Cidade Baixa), o cantor e compositor Gelson Oliveira apresenta o pocket show Ônibus do Sobe e Desce, mostrando composições do álbum homônimo, lançado em 2015, ganhador do Prêmio Açorianos de Melhor Disco Infantil de 2015. Esta edição do sarau é especial para as crianças.
No mês de abril, a programação do projeto Sopapo Poético ponto negro da poesia chega às escolas da rede pública de ensino. No dia 12 de abril, tem Sarau Juventude Negra, com o poeta Duan Kissonde (RS), na Escola Técnica Estadual Bernardo Vieira de Melo, em Esteio/RS, com entrada franca.
No dia 26, terça-feira, 19h30min, no SIMPA (Rua João Alfredo, 61, Cidade Baixa), a escritora e imortal da Academia Brasileira de Letras, Cristiane Sobral (DF), abre a SEMANA DA POESIA NEGRA em mais uma edição do Sarau Sopapo Poético.
No dia 27 de abril, quarta-feira, 19h30min (local a confirmar) o Sopapo Poético apresenta Leitura Dramática dos textos Onde estaes Felicidade? e Favela, de Carolina Maria de Jesus, com Lilian Rocha, Camila Falcão e Sidnei Borges.
No dia 28 de abril, segunda-feira, 19h30min, no Quilombo Areal da Baronesa, o Sarau Sopapo Poético, apresentando o poeta e compositor Jorge Onifade.
Encerrando a programação literária, no dia 30 de abril, sábado, 19h, no Instituto Cultural Afro-Sul Odomode (Avenida Ipiranga 3850), comemora-se o lançamento da antologia poética PRETESSÊNCIA, que reúne dezenove poetas participantes do sarau, e o documentário SOPAPO POÉTICO PONTO NEGRO DA POESIA, produzido por José Francisco de Souza Santos da Silva (Chico Meu Filho).
Toda a programação tem entrada franca.
 
Acompanhe a programação pela página:
 
FEIRA AFRO
Estabelecida no Sopapo Poético, a Feira Afro reúne pessoas que desejam expor seu trabalho e comercializar seus produtos. Uma aposta no empreendedorismo negro. Roupas, artesanato, livros, quitutes, são diversos itens que representam a negritude. A Feira Afro é itinerante e estará presente em algumas atividades da programação.
 
SOPAPINHO
O Sopapinho é o espaço destinado às crianças. Ele tem por objetivo desenvolver o interesse pela cultura e pela poesia negra nos pequenos, propiciando um momento lúdico que incentive sua criatividade e imaginação. Sempre visando o fortalecimento da identidade étnica e da autoestima das crianças negras. As tarefas propostas pelas educadoras do Sopapinho envolvem brincadeiras coletivas, atividades artísticas visuais, canto, contação de histórias e a participação na roda de poesia do sarau. No momento de interação com o grande grupo, os pequenos têm a oportunidade de se colocarem frente aos adultos, mostrando seus trabalhos ou simplesmente se apresentando, dizendo seu nome e idade. Os membros do Sopapo Poético consideram essa interação importante no processo de construção de afirmação da criança negra, e também, como forma de incentivar a desinibição ao longo do ano.
 
HISTÓRICO
O Sopapo Poético teve início em março de 2012 com o propósito de ser um lugar onde negros pudessem expressar seus sentimentos por meio da poesia e música. A ideia de criar um evento que primasse pela negritude surgiu da necessidade. Apesar de Porto Alegre ter iniciativas culturais como saraus, na época, não existiam atividades voltadas para essa causa. Então, os membros da Associação Negra de Cultura (ANdC) resolveram botar em prática tudo isso que lhes fazia falta.
Pâmela Amaro, atriz e cantora, foi uma das idealizadoras do projeto. Em 2009 comecei a fazer recitais de poesia negra a convite da atriz e militante Vera Lopes. Em seguida, juntamente com os demais integrantes da Associação Negra de Cultura, nos reunimos para pensar o primeiro sarau do Sopapo, inspirados em outros saraus negros do país, principalmente o Bem Black, de Salvador. Sugeri o nome ‘Sopapo Poético’, pensando que esse nome deveria trazer um símbolo da identidade afro-gaúcha, então, me veio o nosso Grande Tambor, o Sopapo! Participo do sarau desde o seu planejamento até o encontro propriamente dito, cantando e recitando, musicalizando e incentivando as pessoas a ocuparem esse espaço de poder direcionado ao protagonismo negro através da arte, explica.
A primeira dificuldade apresentada foi o local. O lugar para que uma reunião de negros acontecesse, precisa de identidade. Segundo Vladimir Rodrigues, músico, e um dos fundadores do projeto, esse foi um dos empecilhos para dar início ao Sopapo Poético. Infelizmente a gente tem essa problemática do material. A gente tem poucos espaços. Geralmente as nossas famílias não têm aquela reserva técnica, tipo assim, não tem um casarão lá do tio do Fulano que ninguém usa. Não, a gente não tem essa situação, problematiza.
A primeira casa a acolher o Sopapo foi a Associação das Entidades Carnavalescas de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul (AECPARS). Foi assim até setembro de 2014, quando a Prefeitura de Porto Alegre fez uma vistoria e interditou a associação. A partir daí, o Sopapo adotou uma rotina itinerante, passando por outros pontos de cultura negra da cidade: o Boteko do Caninha, o Afrosul Odomode e o Acadêmicos da Orgia são alguns exemplos. Nas últimas edições, o Sindicato dos Municipários (Simpa) também abrigou a atividade.
 
Texto:
Silvia Abreu, a partir de colaborações de Pâmela Amaro e Airan Albino.
 
Referências:
http://www.nonada.com.br/2015/11/sopapo-poetico-o-tambor-no-peito-da-comunidade-negra-de-porto-alegre/

Este projeto foi selecionado pela Bolsa de Fomento à Literatura do Ministério da Cultura
REALIZAÇÃO:
Associação Negra de Cultura - ANdC
APOIOS:
Ministério da Cultura
SIMPA - Sindicato dos Municipários de Porto Alegre
Boteko do Caninha (Areal da Baronesa)
Centro Cultural CEEE - Érico Veríssimo
Afro-Sul Odomodê
Associação Comunitária e Cultural Quilombo do Areal
 
 
Assessoria de Imprensa: Silvia Abreu (MTB 8679-4) | 07/03/16
Fones: (51) 92772191(Claro) | (51) 8133.6787 (Tim)
 

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