sábado, 30 de abril de 2011

Dulce Helfer

Foto



Aí tem uma na Amazônia. Fiquei navegando no Solimões, por dois meses. De Letícia na Colômbia para várias comunidades de Ticunas ao longo do rio. Este é um barco usado por ticunas em Amaturá.  
Bj. Dulce.

Um Grito Novo

São vozes da periferia
São vozes de gado desmarcado
que escorrem da torneira
do grito que pinga à revelia
do quintal e da laje, no jardim
E, alguém ergue um varal
outra voz sozinha
Junta-se com outra no girau
Da cidade do morro
que tem mais
vozes – fora do jornal
com suas sirenes de socorro
descendo prá cidade asfaltada
com o poema da Palavra que finda
na lâmina do sono – deputada
Lentamente – goelas em grito...
A cidade tem mais vozes

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Toda Lembrança

Quando me lembro todo de voce
Ando vadiando sem meus pés
o dia a copo-cheio de revés
A deriva girando no canto do mar
Pois eu quero mesmo é apagar
Esse mataborrão do desamor
Prá fora da distância
Lembrando do som daqueles pardais
Gravados na razão desse pranto
desgarradas das manhãs

Volta amor
fazendo luzir aqueles dias ancestrais
que brincávamos de amor
feito luta de animais
largados soltos de tanto ardor
Como dois bichos sem plumagem
disputando o nú total da paisagem
No chão da prainha da viagem
Sempre dando Bis
 rolando Bis
de corpos livres
Toda lembrança linda daquela imagem...
-Poema (lembrando de Ieda, minha musa) para Marcelo Fruet

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Prêmio Açorianos de Música

fotos Graça Garcia

Sempre o poema

Hoje leia e releia
sempre o poema
"Rainer Maria Rilke e Eu"
de Affonso Romano de Sant'anna um dos mais espetáculares poemas-arte
da literatura brasileira! É o encontro da poesia com a poesia!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Claridade

(para Caio F.)
Todo prazer cabe
Numa caixa de sapatos
que o salto não acabe
para longe dos matos
chão, grão, vão, mão
A todas manhãs vestidas
menina, mulher que invade
o olho do outro lado
da fechadura - claridade
com corpo da lua
e os pés das novas manhãs
Debaixo da cama
Todo o prazer do caminho que lhe cabe

terça-feira, 26 de abril de 2011

Rui Biriva

Cantou como um  pássaro
de Santa Helena no assovio longo
da vida de artista.
Agora canta como um anjo
blindado pelos azuis
do Pampa...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Recado

...Sr. Senador Roberto Requião:
-Se o dinheiro que o sr. recebe é público, o gravador que o sr. confiscou
 do jornalismo democrático, não é.  É direito do povo e da democracia..

Madona de Edward Munch


Vi a pintura
pura alvura
de Edward Munch
Em seu segredo diabrura
Manto sem lençóis
Mentindo a sede dos caracóis
Na saliva que corróe
Maculada pela brancura
do pecado que dói
Vi o ponto final a espera
da clave de sol
Na orquestra de cores! No pecado que dói...                                                                                                                   

domingo, 24 de abril de 2011

O HUMOR E O RISO

Hoje em dia vemos nos programas humorísticos da TV Brasileira grandes diferenças entre o Humor e o Riso. Se o grande dramaturgo e escritor italiano Luigi Pirandello (1867-1936) célebre criador de intertextos entre personagens e autor estivesse vivo certamente estaria referendando seu polêmico ensaio "O Humorismo" (1908) mediante ao samba do Crioulo Doido que virou nossa rotina mui mal engraçada televisiva. Atualmente no Brasil, as questões comerciais muito propagam o recrudescimento cultural, sempre ávido pela estética que faz de conta que é Näiff, mas que sucumbe ao cínico ostracismo das letras e do pensamento mal alinhado às questões do conhecimento e do intelecto, acontecendo assim a toda hora a baboseira não filtrada pela autorreflexão de todos. O grande povão e a grande mídia se beijam na boca pelo puto despropósito passional desmedido ao grotesco, à sátira, à farsa e à caricatura. Pois é aí que reside a visão de espelho de Pirandello em seu ensaio que gerou acaloradas discussões no princípio do século passado. Para Pirandello o humorista seria o artífice da tragédia da vida e o humor não deveria ser confundido com as formas semelhantes ao "vulgo" que não pode de maneira alguma entender os contrastes sutis e as finezas do verdadeiro humorismo. Em nosso universo brasileirístico o humorista nacionalizado é verdadeiramente o artifício da tragédia da vida brasileira. Todavia levando sempre ao deboche porcalhão uma pitada de recarga dupla da nossa falta de autoestima e da capacidade ingênua e espetacular de rirmos de nós mesmos. E mais ainda da nossa insuperável indiferença aos problemas que os nossos satirizados cômicos e caricatos políticos, alvo principal desse riso fácil, que acabam por nos fazer rir... Novamente Pirandello referenda-nos em seu ensaio, sem nos ter conhecido!  O italiano Luigi explica também a superioridade do humor sobre este satírico e cômico, filosofando por longos parágrafos que a comicidade gera o riso em razão do estranhamento da cena imposta pelo texto. Muitas vezes, eu próprio acabo rindo do banal - ridículo e do stand up comedy  doloroso da vida real. Por quê? Ora, porque o mau humor sempre dá um passo para trás! Gerando o mal humor... E, os nossos veículos de comunicação não querem o "Humor" e sim o "Riso", mesmo que seja um riso amarelado pela baixa elaboração estética e por conseguinte muitos pontos no IBOPE acima, muito acima desse riso sem graça e humor  de  texto rasurado, que nos leva a crer segundos mais tarde, já desdentadamente desmobilizados do pensamento. Esse resultado gera interpretações de improbidades pleonasticamente perversas. Ao passo que o caminho ao grande humor de Pirandello nos leva a concisão da fórmula ideal do senso de humor. Sentido inteligível do riso...  E, em hipótese alguma, aceitar  a antítese falacial dessa tragicomédia da vida na privada nacional, onde atualmente atrás do riso, "os palhaços" somos nós.
abri l2011

Manoel de Barros
- Quem fala sobre o "NADA"  tem profundidades na poesia...
Como asas de Barro, são seus versos que alçam voos sobre a paisagem desigual. Sem ser regionalista, mas sim plural, esse "menino do mato" de 90 anos poucos, esclarece a universalidade de sua obra como a criança que chupa uma canudinho bailarino de fundo-de-copo a sugar o açúcar de groselha da poesia faminta. Fala o Manoel com um acorde erudito de cordel do "sonho do silêncio", "que era ser pedra"... Como sabe disse o poeta! "Queria pegar na semente da palavra"... Só podia! E vai adiante desenhando verbos com um impressionismo lúdico inigualável. E, revela sem a pieguice dos cartórios modernos e socialytificados que:..."se o nada desaparecer, a poesia acaba!" Por isso sua pena caligráfica redesenha uma clareira onde no verso branco, para ele, manoel de Barros,... "infantilizar formigas" é ver o "nada" como um... "lugar mais bonito de passarinho ficar na palavra"...Esse poeta fantástico está nos convidando para refletir sobre o "nada" e suas profundidades... Aceitemos então seu convite! Nadando poéticamente em seu mundo... Leiam Manoel de Barros. Leiam! Urgente! Vamos melhorar a vida.
nov 2010

L

sábado, 23 de abril de 2011

Agnolo Gaddi

Aluno de Giotto, foi um dos grandes mestres da arte sacra moderna. Isso no século XIII, com grandes destaques para as iluminuras sagradas que até hoje não se sabe o nome de seus autores, prováveis alunos de Giotto, o próprio Gaddi e Vanderwindger. Pesquise na internet: Catedral de Florença.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Gustavo Nakle

PEQUENAS CRIATURAS

Pequenas criaturas é o mais recente trabalho escultórico de Gustavo Nakle. As primeiras criaturas que foram criadas no mundo foram os anjos, escrito no Fioretto della Bibbia, uma espécie de livro cartorial à época da Inquisição. Pois bem, esta afirmação é teimosamente materializada pela escrita submissa a Deus... E num salto para o futuro, esta aí, um escultor chamado Gustavo Nakle, insubmisso na arte, e criando seus novos anjos movediços pela linguagem do vidro em sua total translucidez. Colocando-se nesse lapso do tempo com um feitor dos novos mundos com humildade e, capacitando-se apenas contra o horror totalitário e,  imperturbável quando diante de seu ato de resistência e beleza. Vejam suas pequenas criaturas, ato esculpido de vidro e bronze, onde Deus agora é espectador... Talvez desses novos anjos...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Tic-Tac

Tic, tac... Tic, tac.

Conhece-te a ti mesmo, ou o teu "eu", não o meu te devora... Contempla a tempo teu espaço sideral, onde nada fala, nem brinca, nem dança, nem canta, além da nave que te carrega em orgasmo detonado pelas fagulhas da solidão! Contigo estejam tuas teclas todas digitadas, mexidas nos botões do Fax, do modem de todo dia amém... É preciso não perder tempo, porque o tempo acabará por peder-te nesse exato minuto da oração... corre para as caixas eletrônicas, e pega teu automóvel com G.P.SOS para comprar uma camisinha fluorescente a um passo do sexo automático, e do amor mais que perfeito. Todo ardente e informatizado. Corre para tua cidadela gradeada de Néon, que te gera modernidade! Que te livra da violência, da desconfiança e do (...) Bate palmas para o Home-Theater que te traz progresso e só faz gerar conforto e, talvez amanhã - um percentual novo de desemprego! Pegue um e-book leia    uma poesia burromanista... Amanhã. Nós, os humanistas nunca fomos razoáveis com o futuro! Não é mesmo! Somos todos iguais! O relógio não tem alma...


quarta-feira, 20 de abril de 2011

Um artista da Fome

Sobre conto de Franz Kafka
por Zé Augustho Marques

No drama de um artista de circo que enjaulado faz temporadas de jejum, está a alegoria da deformidade de conceitos sobre a relação entre Obra de Arte e Público...  Esta pode der uma das leituras possíveis, do retrato da existência do tcheco Franz Kafka (1883-1924), um dos maiores escritores de  todos os séculos. Neste conto fantástico, Kafka constrói  uma sequência de imagens não  menos fantásticas e perturbadoras, cuja estranheza poética se deve a deformidade com que retrata o mundo. Em "um artista da fome",  um homem ficava trancafiado em uma jaula por períodos de 40 dias na plenitude autocrudelizada de um jejum vigiado por inspetores de sua abstinência e, aclamação geral da plateia que vibrava atônita por seu feito. Esse "artista da fome" já jejuava pelos fãs e por um sentimento mórbido de plurifagia surreal... Depois de anos cumprindo este retrato de promessas e exibições bem sucedidas, o jejuador-artista, preso em sua jaula no palco de circo, passa a ser esquecido pelos visitantes. Morre. E é substituído imediatamente pela antítese imágética de uma pantera com a voracidade e vigores que o público festejaria...  Neste conto, a ausência de alimento material é, na verdade, a consequência virótica e anoréxica que temos   pela nossa autoafirmação, talvez pelos nossos 15 minutos de fama e ainda pela vontade nihilista do fazer da arte um exibicionismo a qualquer preço.  Sinal dos tempos. Mesmo que esta gravura de existência custe-nos a vida, ou ... o sucesso descartável. Como Kafka mesmo diz através de seu jejuador, ...  "sou forçado a jejuar, não posso evitá-lo (...) por que não pude encontrar comida que me agradasse. Se tivesse encontrado, podes acreditá-lo, não teria feito nenhuma promessa e teria me fartado como tu e como todos". Esse Artista da Fome foi escrito em fevereiro de 1922 e eu também "um artista da  fome", transcrevo boquiaberto quase um século depois meu "processo" e minha "metamorfose" pela fome de arte e autoafirmação...                         E voce leitor: -" voce tem fome de que?"

Fev-2011

domingo, 17 de abril de 2011

Obrigado Vagner

Zé, teu texto tá lindo. Me sinto honrado com tuas palavras

beijo e obrigado

Vagner

O que é arte mesmo?


Quando se pensa um pouco nos valores éticos e estéticos do que é arte hoje em dia, esse valores se transformam não tão audoevidentes. Principalmente de uma coisa chamada arte contemporânea. Como, quando e porque devemos incluir ou excluir dela a combinação de substantivos adjetivados que são os museus, marchands, críticos, imprensa desinformada, glamour do novo rico com a senha de "UTI" que é "democracia e liberdade". Todo esse preâmbulo já banalizado, parece estranhamente nos representar como um símbolo da idiotice bizarra que caminha para a nova descoberta do Santo Graal com pichações luminosamente audaciosas em alguma Bienal Internacional ou, na capa da Vogue ou "Le monde"...Apesar disso, essa arte vem impregnada de glamour e elevados propósitos de camelódromos que ostentam coquetéis de corporativismos público e privado. Todos em esplêndia penúria fazendo performances de si próprios, confundindo abstrações com abstracionismos e fugurações com figurativismos. E assim por diante em todas as escolas no plano do ato artístico. Todos querem engendrar um valor para seus atos, apenas por lhe dar um nome ou um novo status de arte. Elitista sempre, presuponho... Digo-lhes boquiaberto, que na arte contemporânea de nosso dias, não há mais espaço para singulares comentários como o de Wassily Kandinsky: "O artista precisa treinar não só os seus olhos mas também sua alma"! Ora os grandes artistas da mídia são os maiores condutores dessa falta de treinamento! Trabalham apenas com o conceito e raramente alguns com o conceitual... O cinismo da satisfação instantânea nas artes plásticas nos dá também uma gratificação e uma bonificação para a facilidade visual e (...) nada mais. Mil objetos podem ser vistos numa tarde em alguma Bienal ou "camelódromo artístico" e, no outro dia voce já esqueceu...Ao passo que a verdadeira arte moderna e contemporânea está restrita aos grande museus e às coleções dos grandes burgueses do mundo, que não chegam aos olhos do povo por razões sempre promíscuas ligadas ao dinheiro e, ponto final. Esse universo de contemporaneidade artística que vivemos é controvertidamente mercadológico e neuróticamente ganancioso por migalhas que o futuro, logo alí chegando, vai denunciar e arrepender-se desse passado que martela o presente com "slogans" que nos saturam: "Faça o Novo" e seja um tiete ou snob de si mesmo.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Pais e Filhos

O escritor e poeta russo Ivan Turguêniev (1818-1883) e o nosso também poeta Renato Russo que me nego redatar sua morte por motivos-muitos, mostraram-nos através de suas obras homográficas e homófonas, entituladas "Pais e filhos", o primeiro com um romance sensacional em 1862, e o segundo com música histórica na MPB nos anos 80, algo que sempre esteve diante de nossos olhos, mas que não conseguimos enxergar, não fosse por eles. Os Poetas! O intenso e eterno conflito de gerações. A dos conservadores "Pais" e a dos jovens reformadores do mundo "filhos", que serão os próximos pais conservadores até então de um futuro "Niilista", palavra que foi criada pelo genial Turguêniev nesse seu belo romance e que foi amplamente disseminada pelo mundo, ganhando diversas definições de acordo com determinadas linhas de pensamento e na literatura "Basfond" da época. Pois o certo é que o verdadeiro sentido da palavra "Niilismo" usada por Turguêniev queria dizer que: ..."o homem que não se curva perante nenhuma autoridade". Modernamente histórico esse bordão ideogrâmico que virou "ficha de inscrição", foi atirado ao acaso e desconforto ignorante à revelia da grande história literária do século retrasado. E que nos dias de ontem, ainda não admitimos o significado de valores éticos e humanos entre Pais e Filhos, como sendo um artigo de fé em algum princípio raso ou mesmo rasurado pelo respeito que mereça. Talvez daí tenha vindo a nudez exposta pelas poesias sempre futuristas de Renato Russo em sua música e, Ivan Turguêniev em seu romance , com "Pais e Filhos"... E, essa nudez e mudez de valores que se repudiam entre si, nos dias de "hoje", só podem acabar quando dermos um novo sentido "Niilista" em nossa certidões de nascimento. E lá no pé da certidão estará escrito de próprio punho, por declaração de fé universal: ..."É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã"...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

DOIS MUSICISTAS NO SANTANDER

Vagner Cunha um musicômano empunhando a ombro seu violino protagonista e mágico em pura ficção musical. De um outro lugar … Música sacra de lampejo e profanadamente erudita combinam harmonias como se dialogassem com trilhas ou textos!…

E Bebeto Alves com este seu alaúde Marroquino, “saz”, maravilhosamente recíproco e mutandis na arte de combinar sua genialidade com a de Vagner. Quem viu e ouviu se arrepiou! Pura poesia musical no fim de tarde no Santander.

Dois Musicistas no Santander

Vagner Cunha & Bebeto Alves
                                                                          



foto: Caroline Bicocchi

  fotos Caroline Bicocchi

FELICIDADES

"Fiquei muito feliz com o nascimento deste blog, pois é a oportunidade dos amigos e fãs saberem sobre as opiniões, as andanças culturais e as indignações desse poeta. Te amo para toda vida."

Por Iedinha

quarta-feira, 13 de abril de 2011

"SE DEUS FOSSE GAITEIRO"

Se Deus fosse gaiteiro
Certamente não seria
Mais ligeiro na cordiona
Que porca véia
Tocar até pro diabo ficar faceiro
E os anjinhos da volta
No meio do entreveiro
Todos banzos e cabreiros
Vamos pampa adiante com o som
Desse grande músico sulbrasileiro...


Um abraço do Zé Augustho Marques
Mais um poeta faceiro com o teu material que chegou. Muito obrigado.