quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Aviso aos Retirantes


Editora Nós relança Aviso aos Retirantes,
de Edenilton Lampião

Relançamento comemora os 30 anos da publicação de um dos principais livros dos anos 80 e celebra os 30 anos de aniversário de morte do jornalista

Meados da década de 80. O mundo em ebulição, experimentando profundas transformações culturais, sociais, ambientais, políticas e econômicas: a Guerra Fria prestes a rachar, as ditaduras latinoamericanas em decadência, a AIDS ganhando manchetes de jornais como o novo mistério da Medicina, o punk dando lugar para a new wave. No Brasil, nasce o rock de Brasília e a morte de Tancredo Neves coloca (mais uma) interrogação na cara da sociedade brasileira. Um imenso cenário de possibilidades se abre para os campos das ciências – física quântica, biologia, cosmologia – e também para uma infinidade de seitas alternativas que buscam perspectivas mais instigantes para a humanidade do novo milênio. Eis aí o tom das pensatas do músico, escritor e jornalista Edenilton Lampião, reunidas no livro Aviso aos Retirantes, relançado agora pela Editora Nós, no aniversário de 30 anos da sua primeira publicação.

A data marca também os 30 anos da morte de Lampião, editor da Revista Planeta em sua fase mais esotérica e ufológica, de 1980 a 1983. Justamente neste período Lampião, um dos mais importantes jornalistas de sua geração, fundou com Paulo Coelho (que ainda não havia estourado no mercado editorial com seu clássico Diário de um Mago) a Ordem da Estrela Bailarina, um movimento dedicado a reorganizar a contracultura no Brasil. Boa parte dos ideais do grupo, por onde passaram também Raul Seixas e Toninho Buda, eram discutidos, entre outros fóruns, na coluna “Céu&Inferno”, que Lampião passou a assinar na extinta Folha da Tarde.

Com textos atualíssimos, curtos e fluentes, porém carregados de ironias, toques e boas sacadas (apenas para relembrarmos um pouco alguma linguagem dos anos 80), Aviso aos Retirantes tem apresentação dos cultuados irmãos indigenistas Claudio e Orlando Villas-Bôas, com os quais Lampião desenvolveu diversas reportagens especiais para a Folha de S.Paulo e O Globo na década de 70. “É uma interessantíssima contribuição a essa nova literatura que vem surgindo e alertando cada vez mais os seus numerosos e aficionados leitores”, escreveram os Villas-Bôas.

Aviso Aos Retirantes é um livro impressionantemente atual: “O modelo socioeconômico, ora em fase de sincretização antropofágica por todos os recantos do Brasil, escapa aos especuladores da futurologia. Até o Deus do Tempo está aguardando para ver no que vai dar. Determinados picos de manifestação artística às vezes nos fornecem flashes rapidíssimos deste futuro palpável. No mais, ninguém na verdade está autorizado a falar em nome da nação brasileira”.

E, por que não dizer, profético: “O dado meramente político/econômico é insuficiente para que se entenda toda a onda de ebulição que assola a face da Terra. Existe algo a ligar as agitações de rua na Europa e as depredações ecológicas que andam à solta, e – já dizia o profeta – nem toda explosão de revolta humana tem origem no estômago ou na falta de teto”.

Sobre Edenilton Lampião
Nascido em Rio Tinto, Paraíba, em 1º de setembro de 1950, Edenilton Lampião faleceu num trágico acidente na Via Anchieta, em São Paulo, em 10 de setembro de 1985, portanto poucos dias depois de completar apenas 35 anos de idade. Sua carreira jornalística e de agitador cultural foi meteórica, porém marcante nas redações por onde passou.

Começou de cara no Jornal da Tarde, de São Paulo, em 1970, no auge de uma das publicações mais clássicas, inovadoras e premiadas da história do jornalismo brasileiro. Depois, circulou por O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, Folha da Tarde e O Globo, até chegar à Editora Três, onde dirigiu a Revista Planeta, realizando assim um dos seus maiores sonhos profissionais e pessoais.

Sobre Editora Nós
Criação da jornalista e escritora Simone Paulino, nós somos hoje a mais jovem editora brasileira a realizar projetos literários inovadores, nos quais se destacam a qualidade editorial e gráfica, e principalmente a missão de interferir na formação cultural dos leitores e na sociedade à qual pertencemos, por meio da articulação transparente, democrática e inclusiva de parceiros que também compartilham deste ideal.
O nosso princípio básico é o de que um livro, como quase tudo de bom que se faz na vida, é uma construção coletiva, fruto do encontro de várias subjetividades, e não apenas uma expressão egocêntrica. Livro é cultura! E cultura não se faz sozinho. Vamos ser plurais, democráticos, inclusivos, afetivos. Princípio este que se reflete também na concepção da marca – uma palavra única, de três letras, mas indivisível, com um centro aberto no qual as pessoas e as ideias poderão entrar.
Nascemos com a proposta de lançar luzes à produção literária brasileira e estrangeira, uma vez que acreditamos ser a literatura um direito humano, como bem apontou Antonio Candido, sem que para isso existam fronteiras. Dar voz à literatura brasileira em países do mundo inteiro e trazer obras relevantes para que o Brasil conheça é o nosso objetivo e, em busca desse intercâmbio cultural e intercontinental, iniciamos a nossa jornada com a travessia atlântica, marcando presença em países da Europa, como França e Itália.
Pretendemos apostar na edição de obras inéditas de autores contemporâneos reconhecidos pela crítica brasileira e internacional, e também na deflagração de novos nomes cuja produção é relevante, e que têm o objetivo de formar o gosto do leitor. A curadoria será realizada pela nossa diretora editorial, Simone Paulino, em conjunto com editores, ilustradores e designers parceiros.

Sobre o lançamento
Quinta-feira, 10 de setembro, das 18h30 às 21h30.
Livraria da Vila – Rua Fradique Coutinho, 915


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