segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Vinha ele...

Vinha ele no passo do campo do fundo, pés descalço, bombacha rota e o lenço num fiapo só... Que passou paysano?
Donde vens?
Do povo, donde fui buscar cultura pras escrita, remédio pra doença e ajuda pro labor, mas a gente de lá só se preocupa consigo mesmo e é uma correria danada pra ganhar dinheiro pra mais adiante ga...star tudo com carro, ou com médico, ou com bobagens que não enchem a alma, só os olhos...

 E passou, em direção as casas, simples e com um cão fiel aguardando a volta do dono, onde a confiança, a parceria e humildade são moedas que valem mais que ouro. Bateu palmas no portão e viu sair de lá uma morena, flor de morena aliás, com sorriso no rosto, flor no cabelo e mate nas mãos. Alcançou-lhe um mate, lhe enxugou o suor do rosto e disse com voz meiga e melodiosa: - Te disse que não devemos procurar o que já temos, amor, comida e a natureza de testemunha! Nem sempre o que engorda os olhos, alegra o coração...

 Ele calado sentou-se, sorveu o mate e bombeou aquela que seria pra sempre sua parceira, pensando que a simplicidade dói menos do que a busca desmedida de posses que não dizem nada ao ser. Pois viemos ao mundo para ser e não para ter!

Mário Terres


Nenhum comentário: