sábado, 25 de fevereiro de 2012




                      Ausência
Ainda vou estar
livre do sono
quase d'água
de água quase
E, dessa ausência de mim
aconcheada em meus braços
e mãos doloridas
mas ausentes
como fogo de festim
alegrias sem cor e descrentes
da fé nas asas que não vôam
Querubim!
Que choro, rio e invento
essa nova saudade do nada
com cara limpa ao vento
gosto de soro e de lamento
arrancada pra dentro de mim
descolorida e estridente
espelho d'água no escremento
procurando vida de puleiro
ao dispenseiro da ferida
carregado pela ópera de um formigueiro
E, por fim parar no UTI
ouvindo do céu das janelas
o grito livre de um bemtevi!
Zé Augustho Marques


(foto Ieda Cabrera)

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