segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Beijo


            
                                               O BEIJO

Quando tiverdes penetrado vosso sibilante poema de saliva e florais da paixão, tereis então de moverdes à música de Utamaro, rodeado de Geishas; de Toulose Lautrec com seus "Dois Valsadores"; com Hermann-Paul em seus "Apaixonados"; de Lopez no Ojo-a-ojo num beso de tango; e de um beijo à Hollywood de Slonem baseado em imagem de Rodolfo Valentino; quase viajante no Tempo de Rodin-"beijo" nunca terminado e servil à gênese das esculturas naturalistas... Tudo começa com um beijo de Klimt em sua justaposição de flores que, amantes de si, viram a página para ver Alma-Tadema o artista do mármore, no cenário arquitetônico que beija as mãos da donzela... Mas tudo pode acabar no "Beijo de Bruce Wayne" quando Poison dá-lhe um beijo letal, no ego de Batman... E, Brian Apthorp desenha o homem perdendo para o herói nesse beijo fatal! À língua permitida, agora é veloz, no desejo dos lábios vermelhos que Picasso centraliza na visão da arte... E que Chagall em seu "Luar", poetiza um casal apaixonado, abraçados junto ao portão e tão longe dali, tão perto do sonho, outro casal está deitado sobre o telhado...  Todavia não convidada, há na pintura de Géricault, enquanto um casal se beija em êxtase, uma mulher deitada, que permite a dúvida do olhar voyeurístico,  do fastio da cena, ou da exautão desse beijo... Beijos são esplendores, religiosos, agnósticos, de difíceis prognósticos como Krishna e Rhada beijando-se num bosque, com o rei da selva beijando Jane, com o beijo adúltero de Páris e Helena pintado por David que levou Tróia à guerra! Então, um beijo, a ser beijo de Tintoretto, com sua mulher mostrando o peito. O tempo,  deve beijá-lo para sempre, para fazer durar em pele de leão um "Hércules e Ônfale" na pintura de Boucher até chegar no "Jardim da Delícias Terrenas" de Hierônimus Bosch, fazendo da luxúria um tema surreal de ambivalência paradisíaca! Vem do "abraço", o Beijo de Egon Schiele, com seu expressionismo erótico e indecente, consagrado por sua própria indecência de artista. Beijos! Beijos de Hokusai "Apaixonados em Almofadas"; de Katsukawa -"Fazendo Amor no Inverno"; de Rubens em seu desenho "Par Abraçado"! Beijos disfarçados de Duas Mulheres por Coubert em "Casal a Dormir", só há o sono e o beijo...  Beijo que tenho em minha sala de estar, por fim e por início de um próximo, de Rubens Gerschmann, evocação de tantas imagens que estarão por virem a ser beijadas pela poesia. Beijai todos os dias... Quando tiverdes penetrado vosso sibilante poema de saliva e florais da paixão.

Zé Augustho MArques

Poeta e Crítico de Arte

Um comentário:

Anônimo disse...

Que maravilha, meu amigo... Adorei!
RO