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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

(Arte de Agenda-Zé Augustho)





Amostra sem valor



Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.

sábado, 18 de fevereiro de 2012




Sobre o regaço tinha
o livro bem aberto;
tocavam em meu rosto
seus caracóis negros.
Não víamos as letras
nem um nem outro, creio;
mas guardávamos ambos
fundo silêncio.
Por quanto tempo? Nem então
pude sabê-lo.
Sei só que não se ouvia mais que o alento,
que apressado escapava
dos lábios secos.
Só sei que nos voltámos
os dois ao mesmo tempo,
os olhos encontraram-se
e ressoou um beijo

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Dica de Leitura

(desenho-Zé Augustho -aquarela)

Livro: "A Morte de Ivàn Ilitch" de Lev Tolstói
(1828-1910)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012



(desenho Zé Augustho)

Beija-mas bem!... Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos,
Os beijos que sonhei pra minha boca!...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Arte de Agenda-Zé Augustho Marques


Destruição



Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.

Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.

Nada. Ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.

E eles quedam mordidos para sempre.
deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Poeta recomendada


(desenho Zé Augustho)


  "...Estamos todos despreparados
para a honra de viver..."

Leia a poeta Wislawa Szymborska

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Na cortina do tempo

                 
No avesso do céu
gravado sob a foice
da estupidez
onde reluz
o vazio das coisas
imaginadas no
erro revirado...
Lá está a
árvore mãe
do futuro!
Separada do
nada, imóvel...
Multiplicada
por seus filhos
e pela tarde
que cai, não
de si, mas
do pensamento
fingidor do
inverno com seu
guincho de harpia
anunciante dos
olhos - dos olhos!
Ainda há tempo.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O menino sem infância

                               


                                            Tem um só olhar

                                            para esvaziar

                                           o mal do pensamento

                                           quase que sem invento...

                                           Porque o futuro

                                          dura tempo

                                          que vai

                                          guiar seus passos

                                         recriar

                                         seus traços

                                        em um novo

                                        desenho...

                                        Fora da rua

                                       sem fracassos

                                      Até quando?

sexta-feira, 7 de outubro de 2011