quinta-feira, 17 de outubro de 2013

MEDO


                                          

 

Já não tenho medo da chuva

porém tenho medo dos pingos

que anunciam o medo

das vidraças nubladas...

 

Enfrentar o medo

é como queimar as mãos

no fogo das geleiras

 

É como enfrentar

um dragão

com amuletos e santinhos

 

A lua não medra

de seu eclipse

nem o sol de sua sombra

 

Desde então, algum dia

o medo me parece ser

uma canção adormecida

em começo de outono...

 

Os pássaros não tem medo

do vento!

Só de outros pássaros

desconhecidos...

 

Os elefantes?

tem medo sim, dos ratos...

Porque entram em suas trombas.

Asfixiam-os...

 

A língua talvez tenha medo

do pensamento.

Mas não tem medo

de morder a si própria.

 

Um anel de ouro

não tem medo dos dedos

mas a mão receia

por eles...

 

Os ratos só tem medo

dos laboratórios!

 

Uma nuvem pode ser

um vestido no céu.

Mas pode ser um tapete

de maus presságios...

 

O medo é uma abstração

na tela figurada

de uma engasgada coragem.

Ou, um sonâmbulo amor

perfumado de paixão

perto dos remédios...

 

Será que o medo

está subordinado aos interesses

comerciais e economicos

dos pássaros?

 

Ou o medo está temente

ao Deus Google da informação?

 

Penso que o medo

deveria estar terceirizado...

Pagaríamos alguém para ter medo!

Por nós!

 

E o medo do armário?

Das gavetas?

Das portas entreabertas?

Da portinhola que range?

Da escada que sobe?

Do galho que balança?

Do uivo

Do mordomo?

Do tic - tac da meia noite?

Do toc - toc na porta?

 

Porta que abre e fecha

para tantos medos...

 

Medo de escreve cartas ridículas!

Medo de dizer não!

Medo gelado...

Medo que a religião tem

das ciências e vice – verso.............

 

Zé Augustho Marques



 

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