sexta-feira, 20 de abril de 2012


Farpa



Uma farpa num dedo

Dói, dói muito mais

Do que uma punhalada

Fatal, pelas costas.

A farpa é mais cruel

No seu objetivo

Que um tiro de canhão.

Não faz sangrar

Nem exige atenção

De hospital.

Mas, como dói!

Dói, porque dói de fininho.

As tuas curtas palavras

Quando brigas comigo,

São minhas farpas,

Castigos, espinhos,

Que eu devo retirar

Das unhas dos pés,

Das unhas das mãos,

Mas não retiro.

Quem sabe o nosso coração

Comum

Tenha virado madeira,

Sujeita a cupins.

Que eu tenha te afagado

Da pior maneira.

Que não estejas, enfim,

A fim de mim.

Depois, então, direi:

Desta mulher que amei,

Só uma lasca tirei,

Mas muita farpa guardei.      
 
Mário Osório Magalhães

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo poema!
Parabéns ao autor e ao blogueiro pela postagem.
Paulo Torres Garcia