Discurso
como paraninfo em formatura do colégio Leonardo da Vinci.
Prof.
Felipe Pimentel.
Ontem
à noite, fiz o meu discurso de paraninfo na formatura do Leonardo da Vinci.
Escrevi de coração uma libra de carne do que aprendi na vida e queria repassar
para meus afilhados. Foi duro. Mas creio que foi uma fala plena. Pediram-me o
texto. Aqui vai.
(Aos que não tem tempo comecem na parte depois dos asteriscos chamada "falemos de alguns aprendizados").
(Aos que não tem tempo comecem na parte depois dos asteriscos chamada "falemos de alguns aprendizados").
"Boa
noite.
Primeiro,
eu gostaria de dizer algo muito importante, de forma precisa e breve.
Poucas coisas me dão tanto orgulho quanto dizer: sou professor do Colégio Leonardo da Vinci. Incontáveis vezes recebo os parabéns pelo nosso trabalho, pelos nossos feitos, pelos resultados, pelas capacidades dos nossos alunos.
No entanto, esse orgulho tem nome e endereço: em primeiro lugar, aos idealizadores desse colégio, que tive a honra de serem meus professores, especialmente Cláudio Moreno e Enio Kaufmann; em segundo lugar, ao trabalho notável da diretora Margareth, a quem imputo o papel central na seriedade dessa escola; em terceiro lugar, algo que, para mim, estando aqui como professor do terceiro ano do ensino médio é obrigação mencionar: a dedicação dos professores do ensino fundamental, que nos “entregam” alunos com uma formação sólida; e, por fim, aos meus colegas aqui presentes, de diferentes gerações, renomados ou promissores, mas todos já qualificados, o que se atesta pelo mero fato de trabalharem nesse colégio.
Poucas coisas me dão tanto orgulho quanto dizer: sou professor do Colégio Leonardo da Vinci. Incontáveis vezes recebo os parabéns pelo nosso trabalho, pelos nossos feitos, pelos resultados, pelas capacidades dos nossos alunos.
No entanto, esse orgulho tem nome e endereço: em primeiro lugar, aos idealizadores desse colégio, que tive a honra de serem meus professores, especialmente Cláudio Moreno e Enio Kaufmann; em segundo lugar, ao trabalho notável da diretora Margareth, a quem imputo o papel central na seriedade dessa escola; em terceiro lugar, algo que, para mim, estando aqui como professor do terceiro ano do ensino médio é obrigação mencionar: a dedicação dos professores do ensino fundamental, que nos “entregam” alunos com uma formação sólida; e, por fim, aos meus colegas aqui presentes, de diferentes gerações, renomados ou promissores, mas todos já qualificados, o que se atesta pelo mero fato de trabalharem nesse colégio.
Agora,
diretamente com meus afilhados.
Falemos
de algumas dúvidas.
Os
meus alunos, eles bem me conhecem (como se diz hoje “eu sou de humanas”, não
sei fazer contas), mas tentemos: ao longo desse ano, tivemos cerca de 42
semanas de aulas, sendo que, a cada uma delas, tivemos algo próximo a 90
minutos de aula, o que somaria 3780 minutos que vocês tiveram de me ouvir.
Ainda tivemos aulas extras. Vocês tiveram tantas das minhas palavras, por que
razão quereriam algo mais agora? Eu já não lhes falei o suficiente? O que mais
querem ouvir?
Essas são perguntas retóricas, provocações. Formas frágeis de tentar diminuir o que me angustia: que a fala que me pedem hoje é de outra ordem que aquela que sustento em aula. O paraninfo não ensina, não no sentido formal, porque não explica um conteúdo ou apresenta uma matéria, tampouco resolve um exercício, ele diz algo sobre o passado e o futuro. Ele é convidado à nobre arte de pôr palavras no mundo. Não palavras jogadas ao léu, somente belas e ajustadas sintaticamente, mas palavras carregadas de significado, ético e psicológico, palavras que façam sentido, na acepção forte do termo: algo que além de interpretar o significado de um passado vivido, também aponte para um possível futuro. É um pedido tão difícil… Se interpretam passado e futuro, compreendo o sentido de convidar um historiador e psicólogo para fazê-lo. Mas, porque, Deus meu, logo eu, tão repleto de incertezas, das banais às metafísicas?
Quando me perguntam por que escolhi ser professor; ou mesmo o que tinha na cabeça quando escolhi além disso ser também psicólogo; quando me perguntam, por uma certa pecha que recebem os historiadores, se sou socialista, ou, por alguma surpresa, se sou liberal; quando me perguntam (“você que leu todos esses livros”) se Maquiavel estava certo, ou se era um tolo; se Rousseau era um inocente útil e Hobbes um gênio maligno (Michael deve o saber); se eu prefiro o mundo de Marx ou o mundo de Mises; se a interpretação definitiva do Brasil está em Freyre ou em Florestan, eu não tenho respostas, eu fico em dúvida. Completa. Então, foi exatamente para mim que pediram essas palavras difíceis, repletas de sentido?
Talvez essa angústia diminua se eu não tentar disfarçar essas dúvidas, se eu tentar falar exatamente a partir desse lugar das incertezas. Não seria um modo autêntico de responder à altura o que vocês me pediram?
Ocorre que quando eu leio Freyre, aquele português castiço, aquela descrição do Brasil tão bonita, que me transporta à própria colônia lusitana; quando eu leio o vigor das páginas de Florestan contra as injustiças que ele não consegue calar dentro de si; quando eu leio Marx e vejo tanta desigualdade no mundo; quando leio Rousseau e sonho comunas impossíveis; quando eu leio Hobbes e anseio a paz de todos entre todos; eu vejo a grandeza desses homens, da sua tarefa, daquilo que eles queriam diagnosticar ou projetar para nós. E, diante da beleza do empreendimento deles, eu não quero escolher, porque, aí, tomar posição seria muito perder – e eu quero conviver com a multiplicidade da genialidade de todos eles.
Por outro lado, perguntem-me sobre os horrores da escravidão e seus efeitos no Brasil, perguntem-me sobre a perpetuação das hierarquias em nosso mundo, perguntem-me sobre as corrupções, os golpismos, as violências; perguntem-me sobre a realidade muitas vezes brutal que avassala nossas esperanças, perguntem-me sobre as guerras, que explodem por tantos cantos, verão poucas dúvidas, pouco comedimento, talvez encontrem até convicções.
Por isso, digo:
Dúvidas, perante gênios e ideias; certezas, perante injustos e ações.
Essas são perguntas retóricas, provocações. Formas frágeis de tentar diminuir o que me angustia: que a fala que me pedem hoje é de outra ordem que aquela que sustento em aula. O paraninfo não ensina, não no sentido formal, porque não explica um conteúdo ou apresenta uma matéria, tampouco resolve um exercício, ele diz algo sobre o passado e o futuro. Ele é convidado à nobre arte de pôr palavras no mundo. Não palavras jogadas ao léu, somente belas e ajustadas sintaticamente, mas palavras carregadas de significado, ético e psicológico, palavras que façam sentido, na acepção forte do termo: algo que além de interpretar o significado de um passado vivido, também aponte para um possível futuro. É um pedido tão difícil… Se interpretam passado e futuro, compreendo o sentido de convidar um historiador e psicólogo para fazê-lo. Mas, porque, Deus meu, logo eu, tão repleto de incertezas, das banais às metafísicas?
Quando me perguntam por que escolhi ser professor; ou mesmo o que tinha na cabeça quando escolhi além disso ser também psicólogo; quando me perguntam, por uma certa pecha que recebem os historiadores, se sou socialista, ou, por alguma surpresa, se sou liberal; quando me perguntam (“você que leu todos esses livros”) se Maquiavel estava certo, ou se era um tolo; se Rousseau era um inocente útil e Hobbes um gênio maligno (Michael deve o saber); se eu prefiro o mundo de Marx ou o mundo de Mises; se a interpretação definitiva do Brasil está em Freyre ou em Florestan, eu não tenho respostas, eu fico em dúvida. Completa. Então, foi exatamente para mim que pediram essas palavras difíceis, repletas de sentido?
Talvez essa angústia diminua se eu não tentar disfarçar essas dúvidas, se eu tentar falar exatamente a partir desse lugar das incertezas. Não seria um modo autêntico de responder à altura o que vocês me pediram?
Ocorre que quando eu leio Freyre, aquele português castiço, aquela descrição do Brasil tão bonita, que me transporta à própria colônia lusitana; quando eu leio o vigor das páginas de Florestan contra as injustiças que ele não consegue calar dentro de si; quando eu leio Marx e vejo tanta desigualdade no mundo; quando leio Rousseau e sonho comunas impossíveis; quando eu leio Hobbes e anseio a paz de todos entre todos; eu vejo a grandeza desses homens, da sua tarefa, daquilo que eles queriam diagnosticar ou projetar para nós. E, diante da beleza do empreendimento deles, eu não quero escolher, porque, aí, tomar posição seria muito perder – e eu quero conviver com a multiplicidade da genialidade de todos eles.
Por outro lado, perguntem-me sobre os horrores da escravidão e seus efeitos no Brasil, perguntem-me sobre a perpetuação das hierarquias em nosso mundo, perguntem-me sobre as corrupções, os golpismos, as violências; perguntem-me sobre a realidade muitas vezes brutal que avassala nossas esperanças, perguntem-me sobre as guerras, que explodem por tantos cantos, verão poucas dúvidas, pouco comedimento, talvez encontrem até convicções.
Por isso, digo:
Dúvidas, perante gênios e ideias; certezas, perante injustos e ações.
***
Falemos de alguns aprendizados.
Falemos de alguns aprendizados.
Aprendi
a dúvida, pois aprendi que para ver algo por inteiro é preciso estarmos um
pouco longe do objeto, com a distância necessária para ver todos os seus
aspectos, quem sabe até sermos maiores que o objeto para podermos manipulá-lo e
testá-lo. Assim, desde muito, sei que não podemos compreender o mundo, por
estarmos dentro dele. Sei também que não podemos compreender nem a nós mesmos,
pois não podemos olhar-nos de fora. Sei também que não podemos compreender o
outro, pois ele é feito das vivências que passou e que não acompanhamos
integralmente.
Quem pode nos ver, talvez, por inteiro, é o próximo. Por isso, a experiência mais profunda de auto-conhecimento que temos é direcionar nosso olhar, e acima de tudo nossa escuta, sobre o próximo. É na troca com cada um que encontramos no caminho que vivemos, nos conhecemos, nos transformamos.
Por isso, meus queridos, eu olhei para vocês - e essa certeza me dá forças para falar. Eu ouvi vocês. As minhas dúvidas e esse meu parco aprendizado me diz que somente nessa troca podemos, ao mesmo tempo, eu transmitir algo, e vocês aprenderem; eu aprender algo, e vocês me transmitirem. Assim, aprendi até o sobrenome de todos vocês, pois não eram para mim rostos sem nome, meras variáveis num mundo robótico; convidei vocês, audaciosamente, para fazermos um seminário acadêmico para discutirmos intérpretes do Brasil, lendo de Faoro a Sérgio Buarque, para saber se vocês podiam me ajudar a entender esse país difícil; convidei vocês, num sábado pela manhã, para votarmos politicamente, para discutirmos ideologias e tomarmos até posição (obviamente com a possibilidade de “virar casaca” ao fim do debate); perguntei, tantas vezes, o que vocês pensavam sobre a política, sobre as hashtags; sobre o governo, ou o Facebook; sobre as causas, ou sobre a Simone de Beauvoir; sobre o anarquismo ou o liberalismo que seguiam; sobre as polêmicas; sobre o livro de Nietzsche ou de ficção que estavam lendo, o país (bizarro) que admiravam, a música que gostavam de tocar. Eu aprendi com vocês. Como vocês aprenderam uns com os outros. Aprendemos na experiência mais profunda que podemos ter: a vivência com os semelhantes. E também com os dessemelhantes. O colégio tem o privilégio de nos colocar próximos dos diferentes. Depois, andamos tanto com os que partilham dos mesmos gostos, fazem a mesma faculdade, almejam a mesma profissão, torcem para o mesmo time. Mas não nos enrijeçamos.
Quando me pediram algumas palavras, vocês vestiram máscaras com o meu rosto. Uma forma singela de dizer que levam um pouco de mim. As máscaras, na Grécia, são as personas. Pois então, se há algo que minha persona aprendeu, é como podemos nos desprender das amarras que nos enrijecem. Então, lhes ofereço uma libra de carne do que aprendi.
Quem pode nos ver, talvez, por inteiro, é o próximo. Por isso, a experiência mais profunda de auto-conhecimento que temos é direcionar nosso olhar, e acima de tudo nossa escuta, sobre o próximo. É na troca com cada um que encontramos no caminho que vivemos, nos conhecemos, nos transformamos.
Por isso, meus queridos, eu olhei para vocês - e essa certeza me dá forças para falar. Eu ouvi vocês. As minhas dúvidas e esse meu parco aprendizado me diz que somente nessa troca podemos, ao mesmo tempo, eu transmitir algo, e vocês aprenderem; eu aprender algo, e vocês me transmitirem. Assim, aprendi até o sobrenome de todos vocês, pois não eram para mim rostos sem nome, meras variáveis num mundo robótico; convidei vocês, audaciosamente, para fazermos um seminário acadêmico para discutirmos intérpretes do Brasil, lendo de Faoro a Sérgio Buarque, para saber se vocês podiam me ajudar a entender esse país difícil; convidei vocês, num sábado pela manhã, para votarmos politicamente, para discutirmos ideologias e tomarmos até posição (obviamente com a possibilidade de “virar casaca” ao fim do debate); perguntei, tantas vezes, o que vocês pensavam sobre a política, sobre as hashtags; sobre o governo, ou o Facebook; sobre as causas, ou sobre a Simone de Beauvoir; sobre o anarquismo ou o liberalismo que seguiam; sobre as polêmicas; sobre o livro de Nietzsche ou de ficção que estavam lendo, o país (bizarro) que admiravam, a música que gostavam de tocar. Eu aprendi com vocês. Como vocês aprenderam uns com os outros. Aprendemos na experiência mais profunda que podemos ter: a vivência com os semelhantes. E também com os dessemelhantes. O colégio tem o privilégio de nos colocar próximos dos diferentes. Depois, andamos tanto com os que partilham dos mesmos gostos, fazem a mesma faculdade, almejam a mesma profissão, torcem para o mesmo time. Mas não nos enrijeçamos.
Quando me pediram algumas palavras, vocês vestiram máscaras com o meu rosto. Uma forma singela de dizer que levam um pouco de mim. As máscaras, na Grécia, são as personas. Pois então, se há algo que minha persona aprendeu, é como podemos nos desprender das amarras que nos enrijecem. Então, lhes ofereço uma libra de carne do que aprendi.
Quando
quiserem acreditar:
as teorias puras, elas estão aí, já prontas. Pelo progresso tecnológico, sejam liberais; pelas injustiças, socialistas; pelo amparo, social-democratas
Mas, acima de tudo, saibam agir.
Deixem a teoria de lado e lutem pelas causas diretas e cotidianas: sejam pacifistas, sejam feministas; sejam, no que quer que for, artistas; sejam anti-racistas, anti-fascistas, e, principalmente, sejam os seus anseios, sejam suas famílias, sejam seus amigos - essa é a vida concreta e mais próxima.
Quando quiserem escolher:
entre o poder e as ideias; entre a grande política e a micro-ética, entre o comércio e a arte; prefiram as últimas: a história das ideias, dos valores e da arte, de Aristóteles a Steve Jobs e Rosa Parks, consagra os gênios; a história do poder, de Napoleão a Hitler, consagra tantos condenáveis.
Quando tiverem de lutar:
Levem ao limite a causa da paz, repudiando a violência que destrói corações e mentes, mas também saibam travar as guerras certas - especialmente a luta renhida cotidiana, esta invisível, na qual tentamos ser decentes no trabalho, cidadãos onde moramos, justos com os desconhecidos, presentes com os próximos.
Tenham uma grande causa, espalhem ela pelo mundo, panfleteiem-na, cobrem que os poderosos a acolham, mas não esqueçam que um sujeito também se faz grande na sua vida privada. Que ao lado de Gandhis e Mandelas, nós temos os milhões de homens comuns, esses tantos, que vivem e viveram suas vidas para amarem os seus, para exercerem seu trabalho, para ofertarem o melhor para seus filhos, e que abriram mão de sonhos impossíveis para experimentarem a beleza de uma vida simples, mas digna.
Quando tiverem que experimentar:
Tenham dúvidas não só para acolher os que pensam diferente de vocês, mas também para que vocês próprios possam se transformar. Debaixo de muitas convicções, que não passam de vergonha ou angústia, habitam pessoas que poderíamos ser e nós mesmos censuramos - a saúde é a capacidade de criar novas saúdes.
Quando forem pensar:
Construam as suas visões de mundo e adiram a diferentes ideologias, mas quando elas os cegarem para os fatos ou para as diferenças e as sensibilidades, destruam-nas e reformulem seus ideais - nenhum ideia que separa os homens é uma ideia grande.
Quando desejarem:
Tenham força para bancar seus desejos mais autênticos, nem que para isso tenham que frustrar expectativas que os outros tiveram sobre vocês - nenhum homem é livre, nem feliz, se não toma posse daquilo que o seu ser mais íntimo deseja.
Tenham utopias. Busquem a perfeição, mas tenham a força de reconhecer suas fraquezas, também para reconhecer suas virtudes. E, acima de tudo, aceitem falhar, pois “esse é o preço inevitável a pagar por ligarmos nosso amor ao de outros seres humanos.”
Quando perderem as esperanças:
Saibam que uma revolução está em curso, sejam os agentes dela: a revolução do cidadão universal, sem cor, sem raça, sem gênero, sem nação. A violência até hoje foi fruto das divisões que os homens criaram para apagar nossa humanidade universal.
as teorias puras, elas estão aí, já prontas. Pelo progresso tecnológico, sejam liberais; pelas injustiças, socialistas; pelo amparo, social-democratas
Mas, acima de tudo, saibam agir.
Deixem a teoria de lado e lutem pelas causas diretas e cotidianas: sejam pacifistas, sejam feministas; sejam, no que quer que for, artistas; sejam anti-racistas, anti-fascistas, e, principalmente, sejam os seus anseios, sejam suas famílias, sejam seus amigos - essa é a vida concreta e mais próxima.
Quando quiserem escolher:
entre o poder e as ideias; entre a grande política e a micro-ética, entre o comércio e a arte; prefiram as últimas: a história das ideias, dos valores e da arte, de Aristóteles a Steve Jobs e Rosa Parks, consagra os gênios; a história do poder, de Napoleão a Hitler, consagra tantos condenáveis.
Quando tiverem de lutar:
Levem ao limite a causa da paz, repudiando a violência que destrói corações e mentes, mas também saibam travar as guerras certas - especialmente a luta renhida cotidiana, esta invisível, na qual tentamos ser decentes no trabalho, cidadãos onde moramos, justos com os desconhecidos, presentes com os próximos.
Tenham uma grande causa, espalhem ela pelo mundo, panfleteiem-na, cobrem que os poderosos a acolham, mas não esqueçam que um sujeito também se faz grande na sua vida privada. Que ao lado de Gandhis e Mandelas, nós temos os milhões de homens comuns, esses tantos, que vivem e viveram suas vidas para amarem os seus, para exercerem seu trabalho, para ofertarem o melhor para seus filhos, e que abriram mão de sonhos impossíveis para experimentarem a beleza de uma vida simples, mas digna.
Quando tiverem que experimentar:
Tenham dúvidas não só para acolher os que pensam diferente de vocês, mas também para que vocês próprios possam se transformar. Debaixo de muitas convicções, que não passam de vergonha ou angústia, habitam pessoas que poderíamos ser e nós mesmos censuramos - a saúde é a capacidade de criar novas saúdes.
Quando forem pensar:
Construam as suas visões de mundo e adiram a diferentes ideologias, mas quando elas os cegarem para os fatos ou para as diferenças e as sensibilidades, destruam-nas e reformulem seus ideais - nenhum ideia que separa os homens é uma ideia grande.
Quando desejarem:
Tenham força para bancar seus desejos mais autênticos, nem que para isso tenham que frustrar expectativas que os outros tiveram sobre vocês - nenhum homem é livre, nem feliz, se não toma posse daquilo que o seu ser mais íntimo deseja.
Tenham utopias. Busquem a perfeição, mas tenham a força de reconhecer suas fraquezas, também para reconhecer suas virtudes. E, acima de tudo, aceitem falhar, pois “esse é o preço inevitável a pagar por ligarmos nosso amor ao de outros seres humanos.”
Quando perderem as esperanças:
Saibam que uma revolução está em curso, sejam os agentes dela: a revolução do cidadão universal, sem cor, sem raça, sem gênero, sem nação. A violência até hoje foi fruto das divisões que os homens criaram para apagar nossa humanidade universal.
Quando
não entenderem algo, lembrem que:
o homem endividado demais torna-se ingrato; o homem tutelado demais se escraviza.
A injustiça que sofremos não traduzimos em vingança, mas em vigor.
A felicidade e o êxito buscam abraçar o outro e não excluí-lo.
o homem endividado demais torna-se ingrato; o homem tutelado demais se escraviza.
A injustiça que sofremos não traduzimos em vingança, mas em vigor.
A felicidade e o êxito buscam abraçar o outro e não excluí-lo.
Quando
precisarem de um conselho:
Saibam voltar atrás, mas também quando não olhar para trás.
Antes de quererem transformar os outros, estejam dispostos a transformarem a si mesmos.
Saibam voltar atrás, mas também quando não olhar para trás.
Antes de quererem transformar os outros, estejam dispostos a transformarem a si mesmos.
Cabeça
erguida, mas a guarda baixa.
Consistência com os próximos, leveza consigo mesmo.
Consistência com os próximos, leveza consigo mesmo.
E,
no futuro, se nalgum momento pararem para lembrar dessas palavras naquele
dezembro de 2015, elas certamente terão esvanecido, mas só recordem: elas só
queriam me dizer que eu seria nuns momentos feliz, noutros não, nuns momentos
pleno, noutros angustiado, mas me pediam especialmente para eu tentar viver uma
vida interessante, uma vida intensa, na qual, independente dos resultados, eu
coloquei o que tive de mais autêntico e sincero em cada coisa que fiz.
Muito
obrigado."
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