CHACINA
FASCISTA
Ao
índio Oziel Gabriel,
morto
no MS
Armados
até aos dentes,
vão
à guerra os federais
versus indígenas
tontos,
porém
desarmados, prontos
à
guerra dos desiguais.
(Re)integração
de posse
do
que foi posse indevida
por
guloso fazendeiro,
dono
de farto dinheiro,
gente
bastante atrevida.
No
local, índios Terenas
a
querer somente o seu,
a
terra dos ancestrais,
sem
qualquer pedaço mais,
do
jeito que Deus lhes deu.
Neste
país cabralino¹,
com
tanto progresso à vista,
é
fato que não se enterra:
morre
mais gente sem terra
do
que se atropela à pista.
Vejam,
lá no Mato Grosso²,
onde
estava assentamento,
um
índio tombado à bala,
um
crime que não se cala,
já
desde o descobrimento.
Isto
vale por ser dito
que,
em mais de 500 anos,
a
mudança não mudou,
e
o latifúndio matou
pela
mão dos desumanos.
No
Brasil, não só foi morto
torturado
ou comunista:
ainda
também se mata
(dos
tribunais vem na Ata)
quem
tem sangue indianista.
Uma
lástima, senhores,
são
crimes sem pudicícia!
Índios
foram metralhados
a
mando de potentados,
justo
nas mãos da polícia.
Uma
lástima (das grandes)
que
o latifúndio prospere,
tanto
mate e pinte e borde,
e
não há voz que discorde
que
o dragão só nos impere.
Com
mais um montão ferido,
todos
índios fuzilados,
qual
de sangue numa orgia,
em
falsa democracia
de
partidos paus-mandados.
Não
me vergando a partido,
apesar
de um socialista,
para
já mostrar-me lesto³,
aqui
lavro o meu protesto
contra
a chacina fascista.
Fort.,
1º/06/2013.
João Gomes da Silveira
-
- - - - -
(¹)
Cabralino adj.
Relativo ao descobridor luso Pedro Álvares Cabral.
(²)
Mato Grosso s.
m. Na verdade, na Fazenda Buriti, Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul.
(³)
Lesto adj.
Que se move com desembaraço, ligeireza; que mostra agilidade, velocidade;
lépido, expedito, rápido, apressado, ligeiro, ágil.
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