Balada
para as Moças do Amarelinho
(Arthur
de Faria, sobre poema de Aldir Blanc)
As moças do
Amarelinho
São
sorriso no caminho de um homem sozinho,
São
letras de um samba triste
de
Nelson Cavaquinho.
Sonham
com alguém que nunca chegará
Mas
que pode estar em qualquer mesa;
O
príncipe encantado,
O
gigolô drogado
A
eterna felicidade
A
suprema safadeza,
-
O lodo envolto em magia e gentileza:
Contemplar
a rosa dada
Com
o ânus machucado
E
a boca salgada de esperma.
As
moças do Amarelinho
São
sempre muito sós
E
como não tem a quem trair,
Traem
a si mesmas.
Diante
da caipirinha pensam na mãe, no futuro,
Em
encontrar o verdadeiro rumo.
E
acabam aceitando
Acabam
aceitando
Ir
dar uma banda pra queimar um fumo.
-
Como é difícil a diferença
Entre
bancar a escrota
E
parecer sedutora:
A
gente fuma de maneira teatral
Se
abre com um galanteio banal
Cruza
valium com chope, entorta e morre
Pra
provar que não está morta.
Pode
valer tudo: pancada, violação,
Contando
que, na saída, a gente seja tratada
Com
toda consideração.
De
volta pra casa,
É
só reunir
As
sobras da excitação,
As
cascas, o caroço, a cica
E,
de pura indignação,
Tocar
uma siririca.
Depois
beijar os filhos
Pensar
em morrer
Ligar
a televisão
E
escrever, solenemente,
Do
fundo do coração, tomando lexotan:
“Desse
jeito nunca mais,
Nunca,
nunca, nunca mais!
Meu
diário, até amanhã”.
No
dia seguinte, choram no banheiro do escritório
Trabalham
trêmulas, pálidas,
Falam
com ar de velório.
Na
rosa fanada em frente,
O
dedo em riste do espinho.
Por
isso é normal que aceitem,
Terminado
o expediente,
O
convite prum chopinho.
Passam
batom, rímel, blush,
Se
erguem das cinzas
E
SORRIEM!!!
São
de novo,
Graças
a Deus,
As
moças do Amarelinho.
(Eu
conheci uma espanhola / Natural da Catalunha...)
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