RUA DO OUVIDOR
Ao contemplar
tanta calamidade, não pude reter um grito de angústia que a rua do Ouvidor
escutou sem protestar; e não por lei de celebralite crônica, eu que me pus a
alertar essa idiotice monótona de ver lixo, assaltos e prostituição infantil,
negada por esses fingimentos, a rua não me ouvia. A resposta, quase em
devassidão social, foi compelir-me fortemente a olhar para baixo, e ver os séculos que continuavam a passar.
Histórias tristes, como a dos hebreus do cativeiro, outras alegres, como as
devassas de Sodoma, e todas elas pontuais na sepultura...
Quem me dará a
decifração de uma eternidade sem erros?
E um menino
sujo, de alma que sorria me respondeu:
-Moço, me chamo
Ouvidor...
( Rua do
Ouvidor, passeio predileto de Machado de Assis no Rio de Janeiro)
Zé Augustho
Marques
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