João Gomes da Silveira
O REACIONÁRIO
Sendo um menestrel ruim,
apenas bardo de quinta,
com meus versos marruás,
jogo fora um mar de tinta,
borrando muitos papéis
– só repentista me finta.
Já não gasto meus latins
com papo que seja à toa.
Antes, até sem razão,
entrava em qualquer canoa.
Hoje, sou quase cordato,
que mau combate me enjoa.
E aceito um conservador,
não tolero o reacionário.
O primeiro a gente muda,
mas, o segundo, ordinário,
não vale o que o gato enterra,
pois é pulha e salafrário.
Do seu fascismo um arauto,
nem dó merece um r e a ça.
O gajo, todo ruindade,
tem veneno na carcaça:
só é no sótão o atraso
e, se protesta, a desgraça.
Por isso, ainda me doa,
prefiro um conservador.
Em geral, não é fascista;
carece de professor,
enquanto o reacionário,
sem prestar, é um horror.
Fort., 16/11/2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário