Essa começou quando eu, a Carina Donida e o Fábio Mentz fizemos um recital no foyeur do Theatro São Pedro recriando canções de roda e cantigas de ninar. Deve ter sido lá por 1991, 1992. A parte instrumental tava toda estruturada quando me veio a ideia da letra a partir de um acontecimento real com a minha própria pessoa num momento de descorno oceânico e um texto do Cortázar, "Tu Más Profunda Piel" - onde ele leva os dedos ao nariz e o cheiro do tabaco o faz lembrar de um, como direi, intercurso sexual não-totalmente-ortodoxo com uma ex. Espero ter ficado minimamente digno.
Ah, sim, na época eu tava ouvindo muito o que se chamava, então, de jazz-rap. Mas sempre me interessei (um cara criado a Arrigo e Grupo Rumo) por essas melodias que não são 100% faladas, mas quase.
Arthur de Faria & Seu Conjunto aqui era:
Arthur de Faria - Voz e Piano
Marcão Acosta - Bandolim
Fábio Mentz - Latofone Cromático
Clóvis Boca Freire - Baixo Acústico
Guenther Andreas - Bateria
Marcão Acosta - Bandolim
Fábio Mentz - Latofone Cromático
Clóvis Boca Freire - Baixo Acústico
Guenther Andreas - Bateria
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Sibele Corrêa - Vocalises
Bases gravadas e mixadas por Marcelo Sfoggia, ao vivo, no Salão de Atos da PUC-RS, em 1995, em dois canais (!).
Vozes na Tec Audio, RS.
Produzido por Arthur de Faria e Fabio Mentz
OITO DE MARÇO
Arthur de Faria
Arthur de Faria
Aperto tua mão e - horas depois - inda sinto na minha o teu cheiro.
Aperto tua mão e - horas depois - o teu cheiro.
Que coisa tátil é essa que me remete e tantos gostos e graças?
Que ritual herege teu tato que traz de volta a viva paixão enterrada?
Aperto tua mão e - horas depois - o teu cheiro.
Que coisa tátil é essa que me remete e tantos gostos e graças?
Que ritual herege teu tato que traz de volta a viva paixão enterrada?
Aperto tua mão e - horas depois - ainda sinto em vão teu miasma.
Aperto tua mão e - horas depois - teu miasma.
Resta o vago mostro redesperto, resta a transparente medusa de esperas.
Minhas cem mil cabeças expectam por ti,
Meus desejos-hidra crescem de volta dos jazidos pescoços inertes.
Para reterem-te no teu cheiro.
Aperto tua mão e - horas depois - teu miasma.
Resta o vago mostro redesperto, resta a transparente medusa de esperas.
Minhas cem mil cabeças expectam por ti,
Meus desejos-hidra crescem de volta dos jazidos pescoços inertes.
Para reterem-te no teu cheiro.
Apertei a tua mão e eras tu, ali. Olorosa oferenda.
Apertei a tua mão e eras tu, ali. Oferenda.
Apertei tua mão e eras de novo olhos e boca e peitos e pernas e sexo.
Dentes e língua.
Tua mais profunda pele.
Apertei a tua mão e eras tu, ali. Oferenda.
Apertei tua mão e eras de novo olhos e boca e peitos e pernas e sexo.
Dentes e língua.
Tua mais profunda pele.
Apertei a tua mão e, nela, todos os cheiros do desejo estavam.
Apertei a tua mão e, nela, todos os cheiros estavam.
Apertei a tua mão e, de novo, te quis.
Apertei a tua mão e, nela, todos os cheiros estavam.
Apertei a tua mão e, de novo, te quis.
(Dona Chica dimirou-se de que houvesse uma paixão tão grande assim...)
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