Farpa
Uma farpa num dedo
Dói, dói muito mais
Do que uma punhalada
Fatal, pelas costas.
A farpa é mais cruel
No seu objetivo
Que um tiro de canhão.
Não faz sangrar
Nem exige atenção
De hospital.
Mas, como dói!
Dói, porque dói de fininho.
As tuas curtas palavras
Quando brigas comigo,
São minhas farpas,
Castigos, espinhos,
Que eu devo retirar
Das unhas dos pés,
Das unhas das mãos,
Mas não retiro.
Quem sabe o nosso coração
Comum
Tenha virado madeira,
Sujeita a cupins.
Que eu tenha te afagado
Da pior maneira.
Que não estejas, enfim,
A fim de mim.
Depois, então, direi:
Desta mulher que amei,
Só uma lasca tirei,
Mas muita farpa guardei.
Mário Osório Magalhães
Um comentário:
Belo poema!
Parabéns ao autor e ao blogueiro pela postagem.
Paulo Torres Garcia
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