sábado, 24 de dezembro de 2011

Leia o texto de Paulo Torres Garcia

Porto Alegre. Alegre?



Porto Alegre está se tornando uma cidade feia.

Não sei se é velhice que chega, uma dorzinha aqui, outra ali. Mas a gente dá um jeito, consulta um médico, se cuida e de repente até parece que o tempo retrocede. Infelizmente nossa cidade não tem o mesmo tratamento. Os prédios antigos, exceto raríssimas exceções, estão alquebrados, sujos, feios. Mais ou menos como pessoas abandonadas, sem teto, sem qualquer condição de cuidados, moradores de rua, que infelizmente, nos dias de hoje compõe já decrépto “mobiliário urbano”.

Como se não bastasse a falta de manutenção de prédios (não demora muito vai acontecer mais alguma tragédia com quedas de marquises, algumas com matagal brotando, revelando total falta de manutenção..), os equipamentos urbanos fixos, pertencentes muitas vezes à iniciativa privada, estão às traças.

Fico abismado com os inúmeros emaranhados de fios que emporcalham nossa cidade. Muito bom ter várias companhias de telefonia e tv por assinatura para nos servir. O que não poderia são estas companhias servirem-se da cidade com seus “ninhos de caturrita”.

O poder público, bem, além do pouco ou quase nada fazer, sequer está cobrando a manutenção de calçadas; o cumprimento do Código de Posturas (salvo mesas na rua), ou a prestação de serviços de seus servidores ou contratados. Cobrar imposto? Ah, isto continua sendo a face mais eficiente do nosso burgo. Mas até nisso há falhas...

Enquanto isso, além de entrarmos em Porto Alegre por uma via que homenageia um ditador, aliás, temos avenida homenageando outro, escolas homenageando uns outros e por aí vai, este acesso é horroroso, com aspecto de abandonado. Em outra entrada, pela Av. Farrapos, nos deparamos com prédios belíssimos, imagem de uma época retratada em art decó. Pena que estes estão mal cuidados, alguns abandonados, com letreiros que os entristecem ainda mais.

O centro da Capital é um fiasco. Nem de longe tem o charme que um dia teve. Se algum descuidado cair numa calçada, vá direto ao HPS ( taí um dos poucos ótimos serviços do município, juntamente com o ensino público fundamental), tomar uma vacina antitetânica.

Um fim de semana destes, mais precisamente, num sábado à noite, levei um casal de amigos, de fora do estado, para conhecerem um pouco da vida noturna de Porto Alegre. Minha intenção era levá-los á um bar bem conhecido da Andrade Neves. Fechado! O centro, por sinal, estava deserto, morto. Na Cidade Baixa já estavam começando a recolher as mesas da rua. Acabei na Pe. Chagas. Muito chique, linda, limpa e relativamente segura. Mas é o tipo de lugar que tem em qualquer capital....

E assim vamos vendo nossa Cidade Sorriso virar uma Cidade Carranca. Cuidado! Ali adiante pode (e deve ter) uma carroça! Como pode em pleno século XXI permitirem a utilização e circulação de veículos com tração animal? Fosse um veículo seguro, com animais bem tratados, com fiscalização rigorosa, para fins de transporte turístico, restrito à vias restritas, vá lá. O estado dos pobres cavalos e os maus tratos a que são submetidos beiram a selvageria.

Salvo algumas regiões onde a valorização imobiliária as fez ter investimentos privados, o poder público se faz presente, os impostos são maiores... Isto até a exploração imobiliária exaurir a área, partindo para outra. Aí, em curto espaço de tempo, com a desvalorização, já teremos maçarocas de fios, ruas esburacadas, lixo nas calçadas, pichações, carroças e demais descasos urbanos.

E vamos à Copa. Copa das gambiarras nos postes, Copa dos prédios descuidados, Copa das calçadas esburacadas, Copa das pichações, Copa dos bares sem mesas na rua, Copa das copas das árvores mutiladas pela Cia de energia elétrica e cheias de pragas, Copa do Arroio Dilúvio emporcalhado, Copa dos monumentos abandonados, sumidos ou recolhidos, Copa das carroças...

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