Obra inédita no Brasil de premiada autora britânica chega às livrarias
Intimista, singelo e poético, O pomar das almas perdidas nos lembra de que a vida sempre continua, apesar do caos e do sofrimento
FICHA TÉCNICA:
Título: O pomar das almas perdidas
Autor: Nadifa Mohamed
Tradução: Otacílio Nunes
Capa: Thiago Lacaz
Formato: 14 x 21 cm Edição: 1ª, 2016 Nº de Páginas: 296 Acabamento: P&B, brochura com orelhas ISBN: 978-85-8419-036-2 Preço: 39,90 |
“– Eu estava justamente dizendo a nosso amigo americano como as mulheres somalis são fortes, que não temos nenhum purdah aqui. As mulheres trabalham, combatem em nossas forças armadas, servem como engenheiras, espiãs, médicas. Não é assim?”
O pomar das almas perdidas de Nadifa Mohamed, da editora Tordesilhas, é o primeiro livro desta premiada autora britânica publicado no Brasil. A obra conta, com sensibilidade e reverência a história de três mulheres, de classes sociais e idades diferentes, que, no final dos anos 1980, enfrentam na cidade de Hargeisa, na Somália, a guerra civil que devasta o país até hoje.
“Algumas nuvens ralas percorrem o céu, a brisa da noite é mais fresca que de costume, infiltrando-se, brincalhona, entre as receitas na mesa. Ela puxa as cobertas até o queixo, fecha os olhos e aspira o jasmim, as madressilvas, as damas-da-noite e a flor do deserto wahara-waalis que plantou faz muito tempo, no pomar atrás do bangalô. Este é o único contato que ela tem agora com seu precioso pomar – a delicada carícia de seu aroma quando o vento está soprando na direção certa.”
As três personagens centrais da obra são Kawsar, uma senhora viúva de luto pela filha. Depois de um ataque brutal na delegacia de polícia, ela fica acamada, dependendo da ajuda de vizinhos; Deqo, uma órfã que fora abandonada no campo de refugiados e encontra na casa de prostitutas proteção após fugir da cerimônia de aniversário da revolução, onde fez uma apresentação de dança; e Filsan, uma jovem soldado, que se oferece como voluntária na revolução, para mostrar que pode ser muito mais comprometida do que qualquer um de seus colegas homens.
“Além do portão sul, os comboios militares estão se enfileirando: tanques, jipes, veículos blindados, caminhões carregados com todo tipo de foguete e míssil, soldados com capacete verde de metal esperando pacientemente, dentro e ao lado dos veículos. Filsan sente orgulho ao olhar para eles. Ela faz parte do terceiro maior exército da África, uma força que teria conquistado toda a Etiópia, e não apenas Ogaden, em 1978, se os russos e os cubanos não tivessem mudado de lado”.
A trama se inicia com um incidente envolvendo a menina Deqo durante a apresentação de dança. Ansiosa, ela erra a coreografia e é repreendida com golpes e xingamentos. Kawsar, que assiste à apresentação, avista de longe a situação e interfere. Logo, os seguranças a pegam pelo braço e a retiram do local, enquanto Deqo consegue fugir. A velha senhora é levada para a cadeia, onde é brutalmente espancada por Filsan, que faz isso porque acabara de ser humilhada pelo chefe de sua corporação.
O livro passa a acompanhar então a vida de cada uma das mulheres. Deqo se perde pelas ruas da cidade, perambulando pelas bancas do mercado até encontrar refúgio na casa de prostitutas. Machucada, impossibilitada de se mover, Kawsar volta para seu bangalô e passa a viver com a ajuda de uma jovem. Filsan retorna ao quartel e ao seu trabalho de patrulha. Nesse momento, a narrativa cresce e ganha uma qualidade poética admirável, para a qual muito contribui a musicalidade das palavras somalis sussurradas aqui e ali.
Aos poucos, a revolução cresce e o conflito armado se instala de vez, obrigando a população a deixar sua casa. Em meio aos escombros, aos cadáveres, à areia do deserto e às suas próprias perdas, Deqo, Filsan e Kawsar voltam a se encontrar para viver o seu destino final e comum, num trabalho magistral de construção de enredo que ajuda a explicar por que a revista Granta elegeu Nadifa Mohamed uma das melhores jovens escritoras britânicas de 2013.
Em um lugar desprovido de homens, Mohamed deu voz às mulheres somalis sem polêmicas de gênero, apenas com uma escrita vigorosa e cheia de nuances.
Sobre a autora:
Nadifa Mohamed nasceu em Hargeisa, Somália, em 1981, e foi educada no Reino Unido. Estudou história e política no St. Hilda’s College, Oxford. Atualmente, ela mora em Londres. Seu primeiro livro, Black Mamba Boy, foi publicado em 2010.
Sobre a Tordesilhas Revisitando os clássicos com criatividade, lançando autores consagrados de tradições literárias pouco ou nada conhecidas por aqui, buscando novos talentos e disponibilizando literatura de entretenimento sem perder de vista a qualidade, a TORDESILHAS oferece um catálogo nada convencional e persegue o apuro na produção de seus livros, aparatando as edições, fixando textos com rigor, convidando especialistas e tradutores renomados. Seu compromisso é com a sensibilidade curiosa e investigativa.
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