OLHOS CINZENTOS
Lá fora, um
pesado nevoeiro fazia descer uma cortina de fumaça branca entre as montanhas
que se levantavam de um lado e de outro da via dos lobos... Os picos dos pinheiros estavam ocultos na
mancha cinzenta do céu daqueles olhos, escalavrados pelo sangue raiado que
manchava o nariz da sufocada marcha diária pela sobrevivência. Aqui e ali,
vagavam seus passos desmedidos pelas unhas sujas que reverberavam sob os cristais
de carvão ao chão. Seu torso reteso, e o peito dianteiro peludo à mostra,
uivavam de solidão apressada! Alguns
carneiros lhe traziam prazer e vida. Aquele mineiro me sorriu... Convidou-me a
entrar em seu bangalô...
Mini conto de Zé Augustho Marques
desenho de Mario Soldatelli
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