quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

ORA BOLAS...

 foto Antonio Carlos Bola Harres.
 
Foto: Celebrar datas, contar tempo e fazer retrospectivas é vã gloriar-se de um dos mais caros pedágios que pagamos por ter descido das árvores. No tempo que éramos felizes, não havia história, dizia Chuang Tzu: estava tudo tão bom que ninguém se dava o trabalho de registrar. Assim, a quantidade de gente fotografando e filmando tudo não deixa de ser um medida de nossa infelicidade. E talvez na memória esteja a origem da inutilidade de combater o uso das drogas, pois quem aguenta de cara limpa a ciência cronológica de si mesmo? Na minha geração se diz que aqueles que lembram o que faziam na década de 60, não curtiram a década de 60. Por último, me ocorre que na inveja da liberdade desmemoriada em que vivem as outras espécies, que nunca se deram ao trabalho de codificar latidos e trinados em linguagem e vivem sempre no infinito e infatiado agora - sem monstruosos mostradores a lhes contar os segundos, minutos, horas, dias, meses, anos e séculos - é que os prendemos em guias, gaiolas e jaulas. Pasmem, mas sempre que vejo alguém conduzindo um cachorro pela trela, penso que é mais um que tenta desesperadamente manter mais junto a si a expressão viva da ignorância e da inocência original que desfrutava, quando bebê, engatinhava em quatro patas.
 
 
 
ORA BOLAS,
ISSO É QUE É VIVER
NO PLANETA DOS HOMENS...
às

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